Lar da Esperança: lugar com a missão de reconstruir vidas

Em meio ao caos das ruas, onde o frio e a solidão parecem ser as únicas companhias, existe um lugar em Aracruz onde a esperança renasce a cada amanhecer. O Lar da Esperança, um centro de acolhimento criado em 2024 para atender as pessoas em situação de rua, tem se tornado muito mais que um abrigo temporário. Para muitos, ele representa uma segunda chance de recomeço, um porto seguro onde a vida pode ser ressignificada.
Com a supervisão da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social (Semds), em parceria com o Instituto de Políticas Públicas e Desenvolvimento Social e Educacional do Espírito Santo (Ippes), o Lar já acolheu, desde março de 2024, um total de 98 pessoas, por meio de 561 abordagens. Cada história que chega até lá carrega consigo uma carga de sofrimento, mas também de superação e, acima de tudo, de um desejo profundo de recomeçar.
Uma equipe da Abordagem de Rua atua diariamente com dedicação e sensibilidade, sendo a linha de frente no cuidado às pessoas em situação de rua. No entanto, é importante lembrar que, de acordo com a Lei Federal nº.14.821/2024, de 16/01/2024, o acolhimento só pode ocorrer quando a própria pessoa aceita sair das ruas — não é possível forçá-la. Ainda assim, com empatia e persistência, a equipe consegue criar vínculos e mostrar que há sim um caminho possível para reconstruir a dignidade e a vida.
Segundo a gerente da Proteção Social Especial, Roseane Helmer, o espaço é simples, mas acolhedor. “Em seu interior, um fluxo de pessoas recebe o que, para muitos, é o básico para sobreviver: alimentação, banho quente, roupas limpas, camas confortáveis e, principalmente, a atenção de profissionais comprometidos com a missão de reintegrar aqueles que, por algum motivo, perderam suas referências sociais”, destacou.
“Quando estamos nas ruas, não levamos só palavras. Levamos escuta, respeito e a certeza de que ninguém está sozinho. Cada pessoa que encontramos tem uma história, uma dor, mas também uma vontade enorme de mudar. Há aquelas que, por motivos pessoais, escolhem continuar na rua. Mas, nosso papel é mostrar que há um caminho, que o Lar da Esperança existe para dar esse suporte e que eles não precisam enfrentar tudo isso sem ajuda. É emocionante ver quando conseguimos conquistar a confiança de alguém que, até então, só conhecia o abandono. A rua ensina muita coisa, e a maior delas é o valor de se importar com o outro”, conta a coordenadora Letícia Cazzotti, profissional responsável pela Abordagem de Rua.
No Lar, é possível ouvir histórias que, por mais dolorosas que sejam, refletem a coragem de quem não desistiu de lutar. Uma das pessoas que usufrui do local é a senhora R.B.C, de 45 anos, conta que estar na rua não era uma opção, que vivia há sete anos nas ruas se sentindo abandonada. “Carrego comigo frustrações, problemas familiares, entre outros, que me colocaram nessa situação, tudo ficou mais difícil depois do falecimento da minha mãe que era meu principal apoio. No Lar, encontrei o que eu nunca imaginei que fosse ter de novo: dignidade, cuidado, carinho. É um lugar onde a gente aprende a se olhar no espelho e acreditar que é possível ser alguém melhor. Frequento o Lar há dez meses e aqui consigo fazer minhas refeições, me higienizar, fazer oficinas de artesanato e ter momentos de lazer. Dessa forma, eu consigo me sentir parte da sociedade", disse emocionada.
Reintegração com dignidade
O Lar da Esperança não é apenas um espaço de abrigo, mas também de reintegração. É um lugar onde se trabalha a recuperação emocional, social e até profissional de quem ali chega. De janeiro até 2/05, dez pessoas estavam institucionalizadas, recebendo cuidados contínuos, como acompanhamento psicológico, apoio social e outras ferramentas essenciais para o processo de reabilitação e reintegração à sociedade.
A secretária de Desenvolvimento Social, Rosilene Filipe, compartilha sua visão sobre o trabalho realizado. "Nosso maior objetivo não é apenas fornecer um teto temporário. Queremos ajudar as pessoas a se reconectarem com a vida, a encontrarem seu valor e, quando possível, a voltarem a viver de forma plena na sociedade, seja na cidade de origem ou aqui mesmo. Não é um processo fácil, mas cada pequeno passo é uma vitória. E nos programas da secretaria conseguimos êxito em muitos casos, resultando na mudança de vida", explica Rosilene com a firmeza de quem se dedica, dia após dia, a transformar realidades.
O prefeito Dr. Coutinho destacou que município se preocupa com aqueles que muitas vezes são esquecidos. "Com muita sensibilidade e responsabilidade acolhemos todos aqueles que buscam o Lar com muito amor. O Lar da Esperança é uma prova de que Aracruz é uma cidade que não abandona ninguém. Dia após dia dedicamos esforço para que todos sintam-se abraçados e acolhidos. A nossa missão é dar suporte, oferecer condições de recomeço e garantir que ninguém seja deixado para trás. Mas, para isso, a pessoa em situação de rua tem que querer estar no Lar, ser acompanhado pelos nossos profissionais e de ajuda. A dignidade humana é o que guia nosso trabalho", afirma.
A esperança que renova
Em cada canto do Lar, a esperança parece florescer de maneira silenciosa, mas constante. Ali, as histórias de vida se entrelaçam, criando uma rede de apoio que vai além do simples acolhimento. Cada gesto de carinho, cada conversa, cada cuidado dedicado é uma semente plantada no coração daqueles que, por muito tempo, foram invisíveis para a sociedade.
“Aos poucos, dia após dia, o Lar tem mostrado que a esperança, mesmo em meio às maiores adversidades, pode ser a chave para a transformação de um ser humano. Não importa o quanto o caminho tenha sido árduo ou tortuoso, no Lar da Esperança, sempre há uma chance de recomeço, sempre há um novo amanhã”, finalizou a secretária Rosilene Filipe.
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