A Secretaria de Transporte e Serviços Urbanos da prefeitura de Aracruz recebeu na manhã desta terça-feira (26/03) três membros dos Alcoólicos Anônimos (A.A) do município para um bate-papo com os servidores da pasta. A iniciativa surgiu quando, inicialmente, esses membros foram à secretaria para solicitar aprovação da fixação de placas de sinalização dos A.A, e na ocasião o Secretário Paulo Neres solicitou que alguns membros contassem suas histórias.

Paulo Neres deu as boas vindas a todos os servidores presentes e explicou que a intenção é propor outros bate-papos com temas diversos. “Esta é uma de várias palestas que faremos ao longo do ano de 2019. Pegar novos conhecimentos e entender novas situações geram um crescimento enorme para cada pessoa. Lembro quando trabalhava na EDP Escelsa e fazíamos vários cursos. Por mais que a gente não se interesse por um determinado tema, sempre escutamos algo que nos fortalecia, e é isso que importa para cada um, ou seja, buscar em cada conversa o que há de melhor”, ressalta.

Na sequência todos se atentaram aos discursos emocionantes dos alcoólatras que são assistidos pela irmandade/comunidade. “Estou aqui para passar um pouco de minha experiência. Sou dependente e sofredor de uma doença de caráter físico, mental e espiritual, e que atinge qualquer classe social ou nível intelectual. Quando comecei a tomar as primeiras doses de cerveja meu organismo aceitou sem facilidades, o que me fez tomar doses mais fortes e entrar na dependência. Foi um inferno, pois não lembrava dos meus atos e comecei a trazer problemas para a minha família e a sociedade”, comenta o primeiro membro.

O segundo a se pronunciar afirmou que a doença evolui gradativamente com os anos. “O alcoólatra pode levar até 20 anos para se tornar independente. O álcool nos proporciona uma falsa coragem, e na verdade não sabemos de nada do que está acontecendo, o que já é um sintoma da doença. E é nesse estado que podemos causar acidentes e até matar. A cada 10 pessoas, quatro já tem problemas ativos da doença. Quando me internei, vi que minha situação estava muito complicada. Graças a Deus consegui achar ajuda. Espero que quem precisar também possa achar uma solução. Nós do A.A estamos de portas abertas”, diz.

Perdi minha família
O último a contar sua história lembrou que chegou a perder sua família. “Sou um dependente químico do álcool e do tabaco e em recuperação. Minha arrogância fez com que eu nunca aceitasse uma ajuda. A partir do momento que eu não conseguir ser humlde e colocar uma barreira no meu orgulho, e dizer que era impotente, eu perdi minha família. E sucesso nenhum na vida, supera o fracasso no nosso lar e na nossa família”, enfatiza.

O secretário Paulo Neres agradeceu a participação dos membros do A.A e falou da importância para os servidores em escutar esses relatos de vida. “Queria agradecer a atenção de cada um. Vocês foram muito educados. Hoje eu parei nossa secretaria para essa ação, porque o patrimônio maior da prefeitura não são os carros ou construções, e sim as pessoas, porque vocês merecem. Não podemos ficar somente focados em trabalho. Temos que crescer como seres humanos. Esse foi nosso objetivo aqui hoje. Espero que tenha sido prazeroso. Muito obrigados a todos”, agradece.